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ILP NOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA

Atualizado: 6 de out. de 2023


(Pastagem da Fazenda São Sebastião - Vacaria/RS)


A integração lavoura pecuária (ILP) é um sistema diversificado de produção sustentável que compreende atividades de agricultura e pecuária na mesma área, visando otimizar o uso da terra.


Os principais pilares que garantem o sucesso da ILP são: o plantio direto, o ajuste de lotação, respeitando as alturas de pastejo, e o uso racional dos insumos, visando a correção do pH e da fertilidade do solo. Em sistemas onde esses pilares não são respeitados, combinado a um manejo da pastagem que deixa baixo residual de palhada no solo, todo o sistema produtivo é comprometido, gerando uma lavoura menos produtiva e com maior custo de produção.


Afirmações como: “lavouras onde vai boi são de cinco a dez sacos de soja a menos”, “o pisoteio dos animais causa a compactação do solo”... Essas frases são verdadeiras quando temos a agricultura e a pecuária trabalhando de forma individual.


Quando partimos para a visão sistêmica da área planejando as atividades em conjunto e respeitando os princípios da ILP, se estabelece uma relação de ganha-ganha.


Case da ILP nos Campos de Cima da Serra

A visão sistêmica da ILP ainda é um assunto polêmico em todas as regiões do estado e na região nordeste não é diferente.


Quando o agricultor e o pecuarista são a mesma pessoa a integração é mais fácil de ser conduzida, por outro lado, quando existe uma relação de arrendamento, a adoção da ILP é mais complexa, porém não é impossível.


Adubar as pastagens da ILP não é uma prática comum nos campos de cima da serra, principalmente quando o agricultor não é pecuarista. O agricultor não aduba porque não utiliza a pastagem, o pecuarista não aduba porque não quer deixar o adubo para a lavoura. O fato é, precisa haver uma cooperação de ambas as partes.


Apresento o case de uma propriedade que arrenda as áreas para lavoura de grãos no verão e com um planejamento baseado em análises de solo, iniciaram a adubação das pastagens de inverno.


A ideia inicial era que o parceiro da lavoura custeasse metade do adubo a ser aplicado na pastagem de inverno, porém, devido a frustração da última safra (2022/20023), isso não ocorreu. Como houve interesse por parte da pecuária de potencializar a utilização das áreas de inverno e iniciar a adubação de sistemas, o passo inicial veio da pecuária.


A adubação de base de 100 kg/ha da fórmula 11-52-00 e de cobertura de 100 kg/ha da fórmula 46-00-00, em pastagem de aveia ucraniana, possibilitou a antecipação do uso das áreas em 25 dias com carga animal média de 1320 kg de peso vivo/ha em sucessão a lavoura de soja e 900 kg de peso vivo/ha em sucessão a lavoura de milho, quando em anos anteriores, sem adubação, a carga animal variava de 300 a 400 kg de peso vivo/ha.


Com essa carga animal, os primeiros 25 dias de uso foram suficientes para pagar o investimento da adubação, e nos próximos 100 dias de utilização é possível produzir mais 300 kg de peso vivo/ha.


Com essa adubação de inverno, ao longo dos anos, aumentamos os níveis de fertilidade do solo, uma vez que a pecuária praticamente não exporta nutrientes quando comparada à exportação de nutrientes das lavouras de verão, conforme podemos ver na figura 1.


Figura 1: Exportação de nutrientes da lavoura de grãos X extração da pecuária.

Fonte: CQFS RS/SC (2016) e Whitehead (2000)



O dinheiro que deixamos de ganhar.

A pergunta é: quantos hectares deixamos de utilizar durante o inverno na safra 22/23 e quanto de dinheiro deixamos de ganhar por não fazer ILP?


De acordo com a Conab o estado do Rio Grande do Sul destinou para a produção de grãos, na última safra, 8,2 milhões de hectares.


Foram 6,5 milhões de hectares para lavoura de soja, 862 mil hectares para lavoura de arroz e 831 mil hectares para lavoura de milho.


Para produção de cereais de inverno foram utilizados 2,0 milhões de hectares, sendo 1,5 milhões de hectares de lavoura de trigo e 482 mil hectares para lavouras de outros cereais de inverno.


Com isso, sobram 6,2 milhões de hectares que são destinados para áreas de plantas de cobertura/pousio ou ILP. Estima-se que desses 6,2 milhões de hectares apenas 1 milhão de hectares são utilizados com ILP, portanto, 5,2 milhões de hectares ficam sem utilização no inverno.


Se utilizássemos essa área com ILP com uma carga animal média de 450 kg/ha, produzindo 300 kg de peso vivo/ha durante o período do inverno, considerando o preço atual dessa produção à R$ 7,50, o valor que deixamos de produzir são 11,7 bilhões de reais.


Agora deixo um questionamento: a ILP pode ser uma alternativa rentável para agropecuária?
















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